Este espaço é destinado a pensamentos, análises e desabafos pessoais. Esteja à vontade para fazer parte e colocar sua opinião. Quer compartilhar? Escreva um comentário nos posts...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Conto número 2

Tinha um namorado, um garoto. Apaixonada aos 13 anos.
Apaixonada, porém volúvel.
Todos os dias era uma novidade.
Trocava de amor como quem troca de roupa.
Mas, agora era diferente. Estava amando, dizia.
A cumplicidade e sintonia entre os dois era única.
Um dia, convidou o garoto para conhecer sua casa e seu pai.
Estando lá, ouviram o carro chegar e abrir o portão da garagem.
Pânico. Saíram correndo em disparada. Lá se foi o garoto, assustado.
O amor crescendo e o desejo nascendo.
Ele muito displicente trocou-a por outra, mais experiente.
Três meses de namoro. Tudo bem, pensou a menina. Ficaram amigos.
Chorou, chorou, chorou.
Chorou até encontrar outro, e outro, e outro.
Mas nunca mais teve tanta cumplicidade e sintonia.
Até que um dia...

Tinha outro namorado, um chato. Apaixonada aos 17 anos.
Apaixonada? Por um chato? Como assim???
Ela se perguntava, mas não entendia.
Mas quando ela ia falar algo, ele completava exatamente o que ela diria.
Mas não era a mesma coisa...
Ficava lá, tentando compreender... e nessa passaram-se 5 anos.
O amigo, primeiro namorado, casou e esqueceu dela.
O chato? Também esqueceu dela... Ficou sem.

Tinha outro namorado, um velho. Apaixonada aos 22 anos.
Ele é tudo de bom, pensava a garota ensimesmada.
Mandava flores, levava café na cama, carregava no colo e a enchia de presentes.
Ela gostava.
Gostava tanto que começou a retribuir fazendo o mesmo.
Ele parou, ela continuou...
E se perguntava se ele ainda a amava.
No dia que encontrou a resposta, fez as malas e foi embora.

Quando estava sozinha, procurou aquele garoto.
Ele fez que não a conhecia.

Tinha outro namorado, um jovem. Apaixonada aos 28 anos.
Depois de três meses cansou. Ele era muito grudento.
Queria conhecer pessoas, ser livre.
Dançar, curtir a vida. Mas nada a satisfazia.
Namorar é o que ela queria.

O chato, reapareceu... mas não era isso que ela queria.
Nada de repetir figurinha!

Tinha outro namorado, o mesmo jovem. Apaixonada aos 29 anos.
Era a primeira vez que isto acontecia. Repetir de namorado.
Seria alguma profecia?
Agora é de verdade, ela se convencia.
Mas, a cada dia que passava, se entristecia.
O filho nos braços chorava e ela parada, estagnada, desfalecia.
Pensava que tudo melhor ficaria.
Um dia, quando ele virar um homem, nossa vida vai começar.
Mas este dia nunca chegava e ela começou a cansar.
Tentou e tentou. Ela o amava muito.
Acreditava naquela vida. Até deixar de acreditar.
Pegou o filho nos braços, mudou-se para outra cidade.
Foi recomeçar.

O garoto, aquele, reapareceu.
Separou-se e casou de novo.
Mas o amor que sentiram um pelo outro aflorou, renascia.

Tinha outro namorado, um homem. Amando aos 35 anos.
Desta vez ela não pensa nada, não espera nada.
Deixa as coisas acontecerem sem pressa.
Relaxa e aproveita.
Se der certo muito bom.
Se não der tudo bem.
Já aprendeu que o mundo não acaba quando uma paixão se vai.
Já descobriu que a vida não depende dos relacionamentos com o outro.
Depende do relacionamento consigo mesma.
Ela está feliz e plena.

O filho? Está cada dia mais lindo e inteligente.

O primeiro namorado? Depois de 20 anos são amigos.
O amor que sentiam ainda existe na memória e no coração dos dois.
A curiosidade em torno do que poderia ter sido deu espaço a um confortável relacionamento cheio de cumplicidade e amor. Verdadeiro amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário